domingo, 27 de fevereiro de 2011

[Documentário] - Rosa de Sangue

O Documentário "Rosa de Sangue" conta a história da fábrica de discos Rozenblit, a comentada no post anterior. Engraçado que encontrei o documentário na mesma semana em que fiz a postagem sobre o disco, ainda não tinha conhecimento da existência desse vídeo. Muito enriquecedor para se conhecer um passado rico da produção fonográfica Pernambucana e Nordestina.

PARTE 01




PARTE 02

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Uma raridade empoeirada

Mais ou menos no meio do ano passado, me interessei em adquirir um toca-discos, (ou vitrola, como preferirem) e me pus a buscar por onde achei que pudesse encontrar. Andei bastante pelo centro da cidade, conversando com os vendedores de vinis da lagoa (ali no centro comercial de passagem, aonde o grande BIG BOY trabalha, na ladeira da insinuante, aonde trabalha o famoso índio e na música urbana, do tímido robério) e nada de encontrar uma vitrola que estivesse funcionando!

Não desisti, procurei nas inúmeras lojas de conserto de eletrodomésticos e quinquilharias de mangabeira, mas só encontrei vitrolas muito avariadas, que não valiam a pena comprar. Depois disso, dei uma parada nas buscas pela cidade e resolvi perguntar pros amigos e parentes se conheciam alguém que tinha uma vitrola que, depois da chegada do CD, fez com que a vitrola se tornasse apenas objeto de decoração, e consequentemente quisesse livrar-se dela. De tanto conversar sobre o assunto, a vitrola que estava nas mãos de um primo meu, que a usava somente para ouvir as músicas de seu computador, acabou sendo oferecida a mim! No outro dia mesmo levei um vinil que ja tinha aqui em casa (o Legend, do Bob Marley) para testar a pick-up (local aonde se coloca o vinil para tocar) e pegou de primeira, somzão de qualidade!

Feliz feito mendigo que ganha sopa na lagoa, transportei a vitrola para minha casa e virei de fato um humilde colecionador e ouvinte de discos. A notícia se espalhou pela família e um tio meu, que chamamos de Jóia, um nome singelo para um homem de quase dois metros de altura e voz de capitão caverna, e ele me falou que tinha uma grande quantidade de vinis encostados em sua oficina mecânica! Relutei em ir pegar esses vinis, pois imaginei que não teria nada de muito interessante, mas um dia, que precisei dos serviços mecânicos desse tio, acabei levando a pilha de mais de 60 vinis e 20 compactos pra casa.

Muito empoeirados, com as capas danificadas, rabiscadas, alguns quebrados e etc, aos poucos fui vasculhando os discos e, para minha surpresa, tinha muitos exemplares que nunca vi em nenhuma das lojas que fui e que são de ótima qualidade, como: Caetano Veloso, Gal Costa, Um tributo ao Cartola com artistas como Nelson Gonçalves, Ary Barroso, Gilberto Gil, e muuuuuitas coletâneas de novelas antigas e de nomes dos anos oitenta como Bee Gees, vinis que vinham de brinde junto com remédios da época, boleros, e alguns compactos curiosos como do Fofão e Cauby Peixoto, etc, tem de tudo!

Como eram muitos vinis, não olhei tudo de uma vez, fui ouvindo aos poucos, limpando cada um e me surpreendendo com os ótimos discos das grandes orquestras e até quatro exemplares de uma coleção de Jazz da Capitol Records, que são os mais conservados da pilha. No meio desses vinis encontrei um da famosa fábrica Pernambucana ROZENBLIT, que ja tinha lido sobre em alguns blogs, mas entrei em contato principalmente depois de conhecer o primeiro trabalho do Zé Ramalho, gravado junto com Lula Côrtes, o lendário Paêbiru.

O disco em questão se chama Carlos Piper & a Nova Geração, completamente instrumental, o disco inteiro foi arranjado e dirigido por Carlos Piper, reunindo a então nova geração de músicos de São Paulo, aonde a Rozenblit possuía filial. Estranhamente, no encarte, nem no selo, tem o seu ano de lançamento, mas na sua contra-capa tem a assinatura de "Glória" que devia ser uma amiga ou antiga namorada de meu tio, e tem a data de sua aquisição: 15/12/1968, um belo ano, sem dúvidas! É um ótimo disco, super agradável de ouvir, e para compartilhar com quem acessa o blog, gravei um vídeo de umas das músicas do LP, ouçam:



Na pilha de compactos sem capa que meu tio me presenteou, também achei um produzido pela rozenblit, que é bem curioso por possuir a marca Kama Sutra em seu selo, (talvez fosse um compacto que acompanhava um livro da kama sutra, quem sabe) contendo somente duas músicas instrumentais bem românticas, infelizmente ele está bem arranhado e preferi não registrar em vídeo, como fiz com o LP, em compensação tirei algumas fotos que você podem conferir no final do post.

Aproveito pra reproduzir aqui alguns fragmentos de texto que encontrei pela internet, que falam sobre a fábrica rozenblit e a sua importância na história da música brasileira, principalmente da música nordestina:

Fundada em agosto de 1954, no Recife, a Rozenblit foi a primeira gravadora brasileira a funcionar fora do eixo Rio-São Paulo e, em sua melhor fase, na década de 1960, chegou a controlar 20% do mercado nacional de discos e 50% do mercado regional. Naquela época, seus dois selos (Mocambo e Artistas Unidos - AU) levaram às paradas de sucesso artistas como Jorge Ben, Johny Alf, Martinha, Bob de Carlo e outros. Além de praticamente toda obra dos compositores pernambucanos Nelson Ferreira e Capiba, a Rozemblit também gravou artistas como Monarco e Cartola e foi a primeira no Brasil a produzir discos de samba-enredo, ciranda, maracatu e carimbó.

Em 1966 uma grande enchente destruiu um terço das instalações da Rozenblit. A partir daí a fábrica entrou em processo de decadência. Duas outras enchentes - 1970 e 1975 – decretariam o fim da lendária fábrica de discos. A história da produção fonográfica do Brasil tem na Fábrica de discos Rozenblit um dos mais importantes capítulos.

Para mais info sobre a vida de José Rozenblit e sua fábrica:
http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste/index.php?titulo=Jos%C3%A9+Rozenblit&ltr=j&id_perso=682

Aqui vão algumas fotos dos discos (clique para ampliar):